Delegada pede prisão preventiva de policiais do Bope


A delegada Ana Cristina Feldner, que preside o inquérito que apurou a morte do policial militar de Alagoas, soldado Abinoão Soares de Oliveira, solicitou a prisão preventiva de cinco militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope), envolvidos no caso.

Os tenentes Carlos Evane Augusto e Dulcézio Barros de Oliveira foram indiciados por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, tortura e impossibilidade de defesa) pela morte de Abinoão.

O soldado morreu vítima de tortura, por meio de afogamento, no dia 24 de abril, durante treinamento do 4º Curso de Tripulante Operacional Multimissão (TOM-M), realizado no Terra Selvagem Golf Club, na estrada de acesso ao Lago do Manso, em Chapada dos Guimarães.

Os demais militares, Moris Fidélis Pereira (sargento), Antônio de Abreu Filho (cabo) e Saulo Ramos Rodrigues (soldado), foram indiciados por tentativa de homicídio, em função de terem participado das atividades, onde os alunos Flávia Aparecida Rodrigues (cabo PM/MT), Luciano Roberto Frezato (soldado PM/PR) e Thiago Rodrigo Mendes da Silva (soldado PM/GO), passaram mal.

Em entrevista coletiva, nesta terça-feira (25), na sede da Diretoria Geral de Polícia Civil, a delegada Ana Cristina Feldner explicou que o curso saiu dos parâmetros de um treinamento de "homens especiais". Além disso, afirmou que faltou profissionalismo aos policiais que ministravam o curso na data em que o militar de Alagoas foi morto.

Segundo a delegada, no dia 24, o treinamento era ministrado pelo tenente Barros, que contou com a ajuda do tenente Evane, que, por sua vez, deveria estar cumprindo o plantão no Bope, não podendo estar no local do curso. Conforme Feldner, Evane se ausentou do quartel e deixou o Bope desguarnecido, para "brincar de afogamento", junto com Barros, no treinamento.

"Na data da morte, o treinamento foi de flutuação. Os oficiais chegaram no local do curso com arruaça, com megafone, dizendo: 'Hoje, um vai morrer! O Bope está chegando!", disse Feldner.

Segundo a delegada, quando todos os alunos deixavam o lago, Abinoão foi pego por Evane, que disse: "Você está morto, você não merece formar". Em seguida, o afogou-novamente. Neste momento, de acordo com Feldner, o soldado de Alagoas ergueu o braço, sinalizando que estava no seu limite e o tenente Barros dizia: "Você está fingindo".

Em seguida, Abinoão saiu da água desfalecido. Conforme a delegada, houve a tentativa de reanimá-lo, mas ele já estava morto. Dessa forma, deu entrada no Pronto Socorro em óbito.

De acordo com Feldner, os indiciados negaram a autoria do crime, e alegaram que a morte do soldado se deu em função do cansaço físico.

"Um fato abominável, impossível de ter sido cometido pela falta de preparo físico, como alegam os suspeitos. Entendemos que é um curso que treina homens especiais. No entanto, nada justifica que um aluno saia em um caixão", afirmou a delegada.

O inquérito, que possui mais de 800 páginas, foi concluído nesta terça-feira, com depoimentos de 60 pessoas. O relatório final será encaminhado ao Ministério Público Estadual (MPE), na tarde de hoje, para oferecimento de denúncia.

Justiça

A esposa de Abinoão, Shirly Tibúcio Barros, que veio de Alagoas, acompanhou a entrevista coletiva, na qual Feldner explicou como aconteceu o crime. Emocionada, Shirly pediu justiça, para que os responsáveis possam ser punidos. Segundo ela, seu marido foi morto por inveja.

"Abinoão era um bom filho, bom marido, bom pai, excelente profissional e tinha seus méritos. Ele deixou três filhos. Era uma pessoa de uma índole maravilhosa e quero justiça. O Estado de Mato Grosso precisa punir esses assassinos com a perda da farda, para que não façam mais isso com outras pessoas. Sei que nada vai trazer meu marido de volta, mas queremos justiça", afirmou a esposa do militar de Alagoas.
MidiaNews

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