Entre mortos e feridos, a democracia saiu fortalecida

O primeiro debate na TV entre os candidatos ao governo mostrou, em linhas gerais, as posturas e estratégias que serão adotadas pelos principais candidatos daqui para a frente. De cara, logo nas considerações iniciais, já foi possível perceber por onde cada um pretende seguir para tentar conquistar os votos dos eleitores.

O candidato Silval Barbosa (PMDB), como esperado, se vinculou ao ex-governador Blairo Maggi (PR) para tentar, com isso, absorver parte do prestígio e popularidade em alta do antecessor. Ele se esforçou para mostrar que conhece bem a máquina estatal e que é um bom gerente, apto a avançar nas demandas da população.

Wilson Santos (PSDB) já partiu para um tom mais crítico e incisivo. Defendeu maior distribuição de riquezas que, para ele, estão concentradas nas mãos de poucos. Retratou mazelas que, ao seu ver, prejudicam o desenvolvimento de Mato Grosso. Transmitiu conhecimento sobre os índices e dados da gestão, defendeu sua administração como prefeito de Cuiabá e atacou, até com menos intensidade que o esperado, os episódios que relacionam o atual governo com casos escusos e de corrupção.

Já Mauro Mendes (PSB) tentou vender a imagem de "novo". Ele disse que seus adversários são bem parecidos, pois são políticos tradicionais e não têm muito mais a oferecer. Adotou o discurso, já conhecido, de "self-made man", ou seja, do homem humilde que virou empresário bem sucedido através do trabalho, da batalha pessoal e do foco em resultados.

O candidato Marcos Magno (PSOL) apenas cumpriu seu papel de figuração.

Incompetência e roubalheira

Após esses primeiros movimentos, o debate ganhou ritmo. O primeiro bloco entre perguntas entre os candidatos foi o ponto alto, com questões mais incisivas sendo feitas por todos os lados.

Silval atacou Wilson pela má gestão no Pronto Socorro de Cuiabá. Wilson bateu em Silval pelo "roubo" de R$ 44 milhões no programa "MT 100% Equipado". Wilson disse que tem um grampo telefônico, feito pela Polícia Federal, que mostra Mendes em "conversas interessantes" com um empreteiro durante transações sobre o PAC Cuiabá. Silval e Wilson cutucam Mendes por causa dos incentivos fiscais que recebeu do governo, não realizando a contrapartida prevista em lei de gerar empregos.

Por várias vezes, houve farpas entre os candidatos por supostas "incompetências", "roubalheiras", "mentiras". Aadjetivos do gênero não foram poupados.

De modo geral, o debate foi equilibrado. Ao final, a sensação é de que todos se saíram bem, pela média.

Wilson se destacou pela experiência nesse tipo de confronto. Foi o que mais apresentou conhecimento sobre o Estado. Foi o mais irônico e contundente nos ataques e, também, o que melhor se fez entender pelos telespectadores, já que possui boa oratória e poder de síntese.

Sofreu ataques sobre problemas em sua gestão, tentou se defender, mas, ao final, inevitavelmente, acumulou certo desgaste em função das falhas como prefeito.

Mauro Mendes também teve um desempenho satisfatório. Mostrou facilidade para se expressar, se esforçou para passar a imagem de "bom moço", que quer levar para a política sua experiência gerencial na iniciativa privada. O problema do discurso do empresário é vislumbrar, quase sempre, uma realidade "cor de rosa", onde todos os problemas da sociedade seriam fáceis de serem resolvidos.

Também enfrentou desgaste quando teve que se explicar sobre os incentivos fiscais, de mais de R$ 40 milhões, que recebeu do Estado.

Já o governador Silval Barbosa surpreendeu positivamente, já que muitos apostavam em um desempenho ruim. Apesar do nervosismo, e de ter "travado" em alguns momentos, principalmente quando passou a ser alvo dos adversários, Silval acabou dando conta do recado.

Ele mostrou que evoluiu no domínio de dados sobre a gestão e se esforçou para passar uma imagem de competência e aptidão para dar continuidade ao governo que assumiu em abril passado.

Entre os concorrentes, é o que tem mais dificuldades para se comunicar, sobretudo por ser, em muitas situações, prolixo e nem tão claro em suas mensagens.

A campanha começou

De resto, o debate transmitido pela TV Cidade Verde (Band) cumpriu seu papel social: o de levar aos milhares de lares mato-grossenses um pouco mais sobre o que pensa, e como pretende agir, cada um dos postulantes ao mais alto cargo do Executivo estadual.

Se houve escassez de tempo para maior aprofundamento nas propostas, por outro lado o eleitor teve a oportunidade de analisar como comportam os candidatos em momentos de pressão, o que pensam e como pretendem dar sequências em suas campanhas. Entre mortos e feridos, a democracia saiu vitoriosa - e a campanha eleitoral, decididamente, começou pra valer.


Midia News

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