Vigarista assume crimes e depõe sobre narcotráfico


O estelionatário e piloto de aviões Marcelo Nascimento, também conhecido como o "maior golpista do Brasil" (ou, ainda, o "sétimo maior golpista do mundo"), prestou depoimento no Fórum de Cuiabá, naa quinta-feira (11), sobre suposto envolvimento com o narcotráfico no município de Tangará da Serra (239 km a Médio-Norte de Cuiabá).

Apesar dessa acusação, pesam sobre Nascimento crimes anteriores envolvendo, inclusive, histórias fantásticas com celebridades, Como, por exemplo, em 2001, quando enganou o colunista social Amaury Júnior, durante carnaval em Recife (PE), se passando por Henrique de Oliveira ou Henrique Constantino, filho de Nenê Constantino, dono da Gol Linhas Aéreas.

Durante depoimento, o golpista relembrou o fato como uma "brincadeira" que se espalhou, ganhando uma proporção que ele não teve como deter.

"O que ficou engraçado nessa história é que, quando você se passa por uma pessoa famosa, tem várias facilidades. A minha foi ter aeronaves à minha disposição. Enquanto todo mundo estava indo de van, eu estava indo de helicóptero", revelou, durante entrevista a TV Centro America (Globo/4).

Acusado de estelionato, Nascimento já chegou a usar mais de 16 identidades falsas. No Rio de Janeiro, foi preso em 2001, quando estava a bordo do jatinho Citation 5, no qual deu carona ao casal de atores Carolina Dieckmann e Marcos Frota e ao amigo Ricardo Macchi. O jatinho havia sido emprestado por um empresário, que acreditou estar agradando ao dono da Gol.

Preso em Bangu I, no Rio de Janeiro, o golpista conseguiu fugir, ainda em 2001, pela porta da frente, da unidade penitenciária.

De acordo com investigações, no mesmo ano, Nascimento foi pego no Acre, por associação ao tráfico de drogas. O bandido foi apontado como o piloto contratado para levar até São Paulo a cocaína. Porém, ele não foi flagrado com a droga e nem com o avião.

Em seu depoimento, o acusado negou a participação no crime. Marcelo revelou que recebeu as passagens e a hospedagem para vir a Cuiabá buscar uma aeronave. "Nem cheguei a ir até esse avião porque, horas depois, fiquei sabendo da apreensão pela televisão. Na hora, fiquei assustado e procurei um advogado para saber se era esse o avião que eu ia transportar, e não era", disse.

Apesar disso, Marcelo admite que usou documentação falsa, com o nome de Juliano Souza, para buscar a aeronave. Ele explicou que, na época, cumpria pena em regime semi-aberto por ter sido condenado a mais de 11 anos de prisão pelos crimes de estelionato, roubo de avião e uso de documento falsificado, cometido em Roraima, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

Em Cuiabá, Nascimento está desde 13 de abril deste ano. A vinda do golpista a Mato Grosso é explicada pelo fato de o crime ter se iniciado em Tangará da Serra. A vinda à Capital se deve ao fato de o Presídio Central do Estado (antigo Pascoal Ramos) ser de segurança máxima.

O depoimento, feito na 5ª Vara Criminal de Cuiabá, ao juiz Lídio Modesto, será encaminhado para o juiz responsável pelo caso, em Tangará da Serra. A sentença será proferida pelo mesmo.

Outros crimes

Marcelo Nascimento também é investigado pela participação no sequestro de um avião da empresa mato-grossense Abelha Táxi Aérea. O crime teria sido comandado pelo golpista no dia 2 de julho deste ano, de dentro do presídio.

O piloto foi sequestrado depois que buscou um passageiro em Rondonópolis com destino a Cáceres. No meio do trajeto, o passageiro anunciou o roubo e ordenou uma mudança de rota. O piloto foi obrigado a pousar em San José de Chititos, na Bolívia, onde foi libertado depois de mais de 60 horas de cárcere.

O avião bimotor Sêneca II, prefixo PT-EZC, continua desaparecido e é avaliado em R$ 300 mil. Nascimento admitiu participação neste crime, mas disse que só vai se pronunciar em juízo.

Da cela para a tela

A vida recheada de histórias intrigantes não fez de Marcelo Nascimento um golpista comum. A revista Veja já o colocou como o quinto bandido mais procurado do Brasil e, entre os muitos apelidos, o "homem das mil faces" talvez seja o mais significativo na lista do bandido.

Sorridente e comunicativo, Nascimento não teme à imprensa e relembra de suas histórias com tom de humor. Com apenas 36 anos, o golpista ganhou uma biografia, "Vips - Histórias Reais de um Mentiroso", de Mariana Caltabiano e, recentemente, ganhou vida no cinema ,através do ator Wagner Moura, no filme "Vips".

O filme ganhou, neste ano, pelo renomado Festival do Rio, prêmios nas categorias de melhor longametragem de ficção, melhor ator (Wagner Moura), melhor ator coadjuvante (Jorge Délia) e melhor atriz coadjuvante (Gisele Fróes).

De acordo com o Nascimento "real", o objetivo para o futuro é aproveitar o sucesso para mudar de vida. "Meu projeto de vida é tocar ela (sic) tranquila", afirmou.


ISA SOUSA
DA REDAÇÃO

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