Mais 60 presos condenados serão transferidos nos próximos dias do Cadeião de Cáceres


Mais 60 presos condenados devem deixar a cadeia de Cáceres, nos próximos dias. A transferência faz parte de uma estratégia do Ministério Público, para conter o clima de tensão na unidade prisional. Pelo menos, 70 já foram transferidos, desde que começaram os tumultos e construções de túneis que resultaram na fuga de 39 detentos, em menos de três meses. De acordo com a direção do sistema prisional, em Cáceres, existiam cerca de 180 presos condenados.

“A transferência é uma decisão legal, conforme determina a lei. Na cadeia devem permanecer apenas presos provisórios. Os condenados devem cumprir pena em penitenciárias” explica a promotora Januária Dorileo. Uma parte dos condenados foram transferidos para a penitenciária de Mata Grande em Rondonópolis. E, outra para a penitenciária de Água Boa. A demora para a conclusão da transferência, conforme o MP seria em razão da falta de vagas na referida penitenciária.

A relação dos presos que devem deixar a cadeia é feita pela direção da unidade. Além de evitar tumulto com a superlotação, conforme as autoridades, a transferência deverá desafogar o sistema e, automaticamente, reduzir despesas. Projetada para abrigar 230 presos, atualmente, de acordo com o diretor, Cleilton Norberto da Silva, existem 392 presos. “Apesar da superlotação, a situação já esteve pior. Antes das transferências, existiam em média, diariamente, cerca de 480 reeducandos. Deixando o clima propício para tumultos. Hoje são menos de 400” explica.

Embora o clima de tensão tenha sido amenizado, nos últimos dias, a situação não está totalmente sobre controle, no chamado cadeião. Na última segunda-feira um preso foi espancado até a morte, por colegas de cela. O crime aconteceu na madrugada de segunda-feira. Rosauro Pinheiro de Campos, 34 anos, havia sido preso no início da semana, por policiais do Grupo Especial de Fronteira (Gefron), na divisa com a Bolívia, acusado de golpe do seguro.

O corpo foi encontrado às 6h no interior da cela, com várias perfurações de chuchus e um hematoma no lado esquerdo do crânio. A polícia e a direção não sabem, exatamente, o que teria provocado a revolta entre os detentos que resultou na execução do colega.

O corpo de Rosauro foi encontrado por dois agentes carcerários quando percorriam o corredor para retirar lixo. Campos estava recolhido, desde a última terça-feira, (22) no bloco II, ala B da unidade prisional. Há suspeita de que os presos teriam consumido grande quantidade de droga, antes da execução. No interior da cela foram encontrados, pelo menos, dois chuchus, três telefones celulares, uma serra, uma barra de ferro, além de 40 trouxinhas de pasta base de cocaína, três de maconha e um cachimbo usado para consumir entorpecente.

Afirmam que “o nosso intuito é apenas preservar a moralidade, a isonomia, o respeito mútuo, enfim asseverar a ordem e o respeito á norma legal”. Dizem que “afinal foram anos de regalias excessivas dirigidas á alguns reeducandos, de impunidade mesmo diante do cometimento de faltas graves; de temor por parte dos servidores, em fim uma realidade eivada de irregularidades que vivenciamos e que estamos temerosos de ver restabelecida, pois compromete demasiadamente o adequado desempenho das atividades, nos expõe a riscos desnecessários e, por conseguinte, denigre a imagem do próprio sistema prisional”.

Por sua vez, os policiais militares que trabalham na segurança do prédio asseguram que as medidas adotadas pela Justiça e o MP foram, segundo eles, importantes, principalmente, para segurança dos agentes e a redução de entrada de drogas nas celas. “Parece que hoje eles (agentes) trabalham com mais segurança. E, além disso, nunca mais se registrou ocorrências de pessoas que jogavam drogas por cima do muro, para presos celas livres que estavam de lado de dentro da cadeia” disse um policial integrante da guarnição de segurança.

Preso diz que foi obrigado a fugir

O fugitivo Ademir Batista da Silva, 26 anos, que se entregou na última quarta-feira, dois dias após a fuga de 24 presos, disse ao juiz durante audiência no Fórum que foi obrigado a fugir por determinação dos líderes do motim. Cumprindo pena por assalto a mão armada, Ademir teria dito ao juiz Carlos Roberto, que na hora da fuga, se recusou, mas foi obrigado a seguir com os demais “companheiros” sob pena de ser apontado como delator.

“Ele disse que foi obrigado a fugir com os demais. Porém, afirmou que voltou porque, quer cumprir o restante da pena e mudar de vida” contou o juiz. Responsável pela Vara de Execuções Penais, Carlos Roberto, disse que o fugitivo negou que tenha participado de negociação para facilitação da fuga, conforme foi denunciado pelo assaltante Osvaldo Condori Ayca.

O boliviano que cumpria pena por tráfico de drogas, afirmou através de telefonema a um jornal da capital que a fuga teria sido “consentida” pelos agentes prisionais que, ao todo receberam R$ 120 mil pelo crime. E, que cada preso teria pago aos agentes penitenciários e ao direto da unidade prisional R$ 5 mil.



Expressão Noticias

foto: Tianguaemfoco

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